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Hiperssexualização, autoestima e relacionamento inter-racial.


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Atualmente é importante compreendermos o motivo pelo qual a Hiperssexualização, autoestima e inter-relação estão ligados a uma conexão que vem da masculinidade e suas ligações dentro da historicidade das condições do ser homem negro nesse contexto atual.

Desta forma manter os padrões de masculinidades, cuja cultura prevalece pensamentos ultrapassados, é entendido que os significados de força, ele é o provedor da família', pegador, dentro de uma fantasia por muita das vezes mascaradas e escondida pelos homens, pelo medo que assombra todos os dias de correr o risco de serem rotulados, por algum termo pejorativo, termos esses como broxa, não é coisa de homem. São vocabulários dentro da subjetividade de qualquer homem, porque vem exatamente marcado por gerações de um tempo na história que já passou chamado patriarcado. Apesar de alguns homens ainda vivenciar essa tradicional nomenclatura de ser o “macho”, na atualidade vem surgindo uma libertação desses estigmas passados, e houve um aumento de número de homens que pensam nessa transformação de valores.

Parece mais uma forma de que tem que predominar este homem competitivo na sociedade, disfarçando sua fragilidade mediante sua força que precisa o tempo todo apresentar para a plateia crítica e com olhos de juízes da boa índole como se estivéssemos ainda a milhões de anos atrás, onde o homem tinha que o tempo todo demonstrar para o social que ele era o poder, uma força onipotente.

A palavra fragilidade não é fraqueza, mais questões que ele desconhece de si como ser humano, pois fragilidade entra em um modelo de poder, denota-se ser algo cansativo esses papeis que são divididos entre todos, cada um tem que ter um dever, o homem ser homem e a mulher ser a mulher, tem essa realidade biológica que precisa ser separado, homem por nascer com identidade, ou seja, genital masculina. Já a mulher que tem a estrutura da natureza feminina, que nossa sociedade demonstra a construção de ser humano seja definido de acordo com seu biológico. Portanto entrando também na argumentação da masculinidade passeamos também em debates de raças, onde o ser homem negro em uma sociedade distante de ter passos para se transformar, por que existem duas ideias, as pessoas que querem continuar a ter razão todo o tempo, pela qual ao ver deles precisa ficar congelada essa imagem negativa sobre o negro e tem a outra versão que são as pessoas que não tem conhecimento sobre todos esses conceitos, vemos a pintura de um homem branco, príncipe encantado que é aceito pela sua branquitude onde te dá o privilegio racial, econômico e político, revelando assim uma desigualdade social. E o negro que precisa o tempo todo provar que existe e que sim ele tem muito a demonstrar como força intelectual, não somente pelo seu porte forte, viril e que existe uma explicação devido a gerações de que ele é diferenciado por um pênis enorme, seu corpo forte como forma de usar a imagem da pessoa negra como reprodutor e levando essas cicatrizes por constituir e modelar nos tempos atuais como hiperssexualizado.

Não temos como se lembrar desse ponto da história sem citar o que ocorre dentro do racismo estrutural no tempo presente, estar diretamente ligado à herança e que não foi deixada onde deveria, nas páginas dos livros da biografia da escravidão, estando funcionando no dia a dia tem uma proporção consciente e inconsciente nas nossas relações, estar ligado a vários setores no social, onde existe um preconceito ou separação de raças, um exemplo bastante aparente na situação atual brasileira é a gestão dessas empresas que empregam negros, que são as pessoas que estão dentro da comunidade branca à maioria dos gestores são brancos fazendo processos de admissão e demissão, para área de produção, ou seja o que cabe para o negro estar, as práticas discriminatórias estão evidentes no lugar de privilegio que muitos brancos ocupam, nesse ponto podemos verificar por que as desigualdades raciais é aparente e o quanto isso atrapalha para um pais mais justos e entidades que possam entender essa situação, não como os negros em condição de vítimas de uma sociedade, mais sim um corpo social que insiste no retrocesso da escravidão escondida e mascarada pela maioria que tem cargos de hierarquia ,que estão camuflando para continuar tomando conta do poder e que discrimina raça negra para se manter vantagens de direito.

Bento (2002) diz que branquitude é identidade branca, caracterizada pela perspectiva de um objetivo pelo qual existem vantagens encontradas nas indiferenças diante do racismo, e assim prejudicamos trabalhos como diálogos, ações dentro do que se refere às diferentes desigualdades raciais sociais de luta.

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Segundo Fanon (2008 apud Aimé Césaire):

[...] Falo de milhões de homens em quem deliberadamente inculcaram o medo, o complexo de inferioridade, o tremor, a prostração, o desespero, o servilismo [...]

Existe uma ferida na carne de cada homem negro cujo da história ficou marcas que o tempo e a interpretação não mudam situações essas que deixam a mercê esses homens a beira da servidão eterna, e a justificativa de que essas pessoas são libertas e jogadas a criminalidade, por muitas das vezes sem opção, revelando essa sociedade extremamente desigual.

Freud (1909) em sua teoria do complexo de Castração expõe a ideia da criança que pensa nessa castração como forma de fantasia, podemos assim também exemplificar dizendo que o social castra esse sujeito masculino negro, que fantasia lendas adquiridas da escravidão e o tempo todo vivencia essa realidade corporal, dentro dessa ideia haverá impedimento de que ele volte a produzir. Contudo, sempre será visto como ameaça essa diferença sexual corporal, sempre na tentativa de vivenciar a origem dos mitos.

Esses homens que até os dias atuais lutam contra esse complexo de inferioridade para conquistar lugares de poder, mais que por muito das vezes são negados pela sua cor. A isso também revela está ligada a essa imagem do “eu que não gosto em mim, este que não consigo ter relações com a mesma imagem”, por me odiar psiquicamente devido a imagem empedrada de inferioridade de raças.

Freud (1914) também explica que o narcisismo é um investimento libidinal do eu para informar a primaria, e tem a secundaria que vem do investimento libidinal que é no objeto, dentro dessa teoria me faz explorar essa mascara branca que o negro investe essa energia para alcançar esse amor pelo objeto da cor branca, ou seja, deixando o narcisismo primário ocultado para a secundaria ocupar espaço em sua condição humana de origem.

Portanto essa imagem que vejo e falo com ela dizendo espelho, espelho meu existe alguém mais poderoso do que eu? vem essa imagem branca, que de certa forma acaba a deixar a autoestima abalada por um passado tempestuoso cheio de tudo que é negativo.

Ou seja, essa imagem que condeno pela história que carrega o negativo, tudo que diz respeito a negro a cor preta é ruim, está ligado por uma cultura que insiste em dizer que a escravidão acabou e que demonstra esse preconceito no dia seja, em qualquer lugar, ele é visto como pedaço de carne a mercê de outros para compra e reprodutor forte.

Existe um conflito profundo nessa imagem do negro e mascarado talvez em querer alcançar essa raça branca, é ser igual em todos os sentidos para ser reconhecido como masculino, como privilégio e intelectual.

Posições desiguais persistentes, um melhor que o outro (disputas), a cor da pele, são debates que são importantes para uma transformação social.

Esse homem viril, reprodutor e animal, vêm enraizados na marca que a história deixou na raça negra, existe um padrão de homem e negro que já foi e não existe mais, existem sim pessoas querendo transformação.

Precisamos desconstruir algo que congelou no tempo e persiste em atingir a parte interna do ser homem negro. É ferida marcada sob a pele escura, obscura de uma cor que somente vai ao encontro do desprazer, desamor, cicatrizes que dizem algo sobre o sujeito que sou e que as pessoas abominam.



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Precisamos perguntar o tempo todo para entender, o que é ser homem?

O homem é um ser humano ou somente uma máquina que não quebra, funciona o tempo todo, e não existe uma força maior que ele, força inesgotável, não sofre?

Ser homem negro nesse contexto atual, reprodutor o que não nega fogo está o tempo todo disposto?

Quantos homens negros ainda tem essa identidade de máquina sexual, o animal sexual, acredita que assim vão lhe garantir privilégios, onde o que é olhado e pensado positivamente é o corpo e ele é utilizado digamos assim capacidade histórica da raça negra. Prisão do corpo seria importante dizer a raça presa a essa figura sexual.

Autoestima e as relações estão ligadas diretamente a esse quadro este homem másculo precisa o tempo todo alcançar esse patamar porque não terá serventia, então muitos homens lutam contra essa realidade e utilizam da energia inesgotável para tornar isso cada vez mais evidente.

A projeção é um termo utilizado pelo Freud (1894), pai da psicanálise, em suas publicações iniciais que para denominar como mecanismo de defesa, “que consiste em atribuir aos outros ou ao mundo externo impulsos e afetos que pertencem ao próprio sujeito. Assim ao projetar os conteúdos inconscientes é possível se livrar do que indesejável, protegendo-se da ansiedade e do sofrimento psíquico.

Articulando de acordo com o autor acima citado, colocou como ideia central, faz com que o indivíduo expresse através da imagem refletida no espelho, por exemplo, seus sentimentos, traumas, relações da pessoa com o seu ambiente e como se dá à dinâmica com as pessoas assim com seu próprio eu. Para as pessoas expressar esses segredos tão únicos e protegidos é tão difícil, pois é melhor sobressair da situação do que ter que entrar em contato com esse sofrimento interno, como sentimentos ou desejos que perante o social é errado ou que seria condenado, ou seja, melhor mesmo para qualquer sujeito é não entrar em contato com esses sentimentos ou inadequação de relacionamento.


Novaes (2020) no seu blog homens pós-modernos em a masculinidade que não reproduzo:

[...] Afinal, ser homem é: Poder expressar suas emoções e perceber que não o torna menos homem. Poder gostar de qualquer manifestação artística. Ajudar nos afazeres domésticos. Ser um pai presente em toda a paternidade auxiliando a maternidade na criação do seu filho[...]


Que produz uma sensibilidade para mudanças e que chegue para essa transformação de que homem não precisa ser o tempo toda essa figura pautada de agressividade, força, provedor e sexual.

A mudança começa em pequenos passos assim dados por eles próprios protagonistas de suas histórias que são os homens, criamos processos criativos de ressignificar masculinidade, termos como produto resultados positivos dessas novas transições de conhecimento, é com muitos diálogos e novos pensamentos que temos mudanças no social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BENTO, Maria Aparecida da Silva. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. 2002. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. SciELO-EDUFBA, 2008.

FREUD, S. (1894). As neuropsicoses de defesa. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, Vol. III, p. 51 a 74. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1996.

____ 1914. Sobre o narcisismo: uma introdução. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, Vol. XIV, p. 83-119. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1996.

____ 1909. Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. In: Edição Standard das Obras Psicológicas Completas. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1996.

RESTIER, Henrique; SOUZA, Rolf Malungo de (Org). Diálogos Contemporâneos sobre homens negros e masculinidade. 1 ed. São Paulo: Ciclo Contínuo (2019) Cap. II p. 53 a 75.

NOVAES, Romário. A masculinidade que não reproduzo. Homens Pós-modernos. Salvador, 27 jun. 2020. Disponível em: https://homensposmodernos.tumblr.com/post/622105215699697664/a-masculinidade-que-n%C3%A3o-reproduzo. Acesso em: 27 jul. 2020.

SOBRE A AUTORA:

Michele Moreno Folha bacharel em administração de empresas, estudante do curso em Psicologia pela Universidade Nove de Julho. Possuí formação em contação de historia pela ONG Viva Deixa Viver. Atua como voluntária em hospitais como contadora de historias. Em formação no curso de interprete de libras. Atualmente faz parte do Grupo de estudo sobre masculinidades e “Inconsciente Mod. I da Liga Acadêmica de Psicanálise e Psicopatologia da Universidade nove de Julho.



 
 
 

2 comentários


Leo Dias
Leo Dias
29 de jan. de 2024

Lendo isso, sinto hoje que tem muitas pessoas negras como meu pai e meu padrasto, que reflete em minha cor parda/negro, que são/foram acorrentados de alguma forma com essas questões, obrigado por alguns esclarecimentos precisos, nunca cheguei ler algo tão didatico, bom ter algumas referencias no final de leitura, obrigado.


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Foto illustrativa, Serie : Them

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DANILO RODRIGUES DA SILVA
DANILO RODRIGUES DA SILVA
14 de jul. de 2020

Muito válido toda reflexão e sem dúvidas alguma, o chamamento à reflexão. Parabéns pelo incentivo, de fato o processo de descontrução para pauta da reconstrução do discurso é algo positivo.

Muito bem narrado no texto, em especial, quando as desconstruções, vêm emanada da quebra do paradigma.

Foi notório as vezes em que ainda no discurso referenciamos "raça negra" ou até mesmo "está raça". Nota-se neste discurso que ainda em tempos atuais, nos vestimos desta segregação entre a espécie. Não lidamos com o outro, como ser humano e/ou indivíduo negro ou pessoa negra, mas sim, separamos de nós, da branquitude, como a raça negra.

Discurso e desconstrução muito bem elaborado no texto "Racismo estrutura", deste mesmo Blog.

Julgo ser extremamente importante…

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