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GRUPO DE ESTUDOS DE TEMAS PSICANALÍTICOS FREUDIANOS E LACANIANOS TEMA: COMO TRABALHA UM PSICANALISTA

  • Foto do escritor: LAPP
    LAPP
  • 20 de mai. de 2023
  • 7 min de leitura


INSCRIÇÕES https://www.even3.com.br/como-trabalha-um-psicanalista-345505/


COMO TRABALHA UM PSICANALISTA?

INTRODUÇÃO

A leitura das obras de Juan David Nasio, sempre é prazerosa, pois o Psicanalista que foi discípulo de Lacan se destaca pela forma clara e dinâmica de escrever, sem rebuscamentos, e sempre com a preocupação de repetir os conceitos estudados, com a intenção clara de transmitir conhecimento àqueles que se debruçam sobre sua obra.

Nasio tem a capacidade de “traduzir” os conceitos psicanalíticos freudianos e lacanianos, ao fazer uma leitura mais moderna e atualizada, numa linguagem direta que ajuda a tornar mais humanizada e palatável o estudo do psiquismo, principalmente para aqueles que ainda não têm muita intimidade com o movimento psicanalítico.

Mas essa abordagem mais moderna não torna as suas obras menos complexas. Nasio não abre mão da ortodoxia no campo dos conceitos. Ele bebeu direto da fonte de Lacan, não abre mão jamais de Freud; como discípulo de Lacan, Nasio sabe o quanto Lacan fez um retorno à obra freudiana, a qual não pode ser jamais renegada a um segundo plano, de modo que, é impossível a um psicanalista se dizer lacaniano, sem conhecer, antes de mais nada, a obra de Sigmund Freud.

Feito este pequeno preâmbulo, passemos ao texto “Como Trabalha um Psicanalista?”. Nasio idealizou esse trabalho em forma de um Seminário, ao estilo de Lacan, ou seja, sua obra é resultado de orientações que ele fez a um grupo de pessoas que busca o saber analítico, sendo que num seminário, a oralidade tem maior força que a escrita; o saber flui de forma mais informal, sujeito a intervenções dos assistentes, que são de suma importância para o autor, que não deixou de registrar neste trabalho as perguntas e respostas dadas ao final de cada encontro. Portanto, um seminário pode ser considerado uma obra dinâmica, que é construída aos poucos, com a fala de muitos, além do próprio palestrante, exigindo deste um saber aprofundado sobre o tema discutido, porque, dada a sua dinamicidade, muitas questões podem surgir durante o evento, cumprindo ao palestrante o papel de possuir os elementos necessários para dar respostas às questões que surgem durante o seminário.

O objetivo desta obra, é traçar as premissas, do que vem a ser análise, das condições de analisabilidade, da atuação de um analista no setting de análise; sua relação com o saber psicanalítico, com o paciente e com o seu desejo, o desejo do analista; questões como transferência e contratransferência são longamente debatidas por se tratar de questões que são centrais numa análise.

A transferência e a contratransferência operam na análise e é possível verificar que ambas dizem respeito ao inconsciente do analista e do analisando, porque na análise, o inconsciente é o objetivo-mor da investigação do psicanalista; é a grande instância por excelência do psiquismo, o enigma a ser desvelado; instância de onde vem as pulsões, os desejos a serem satisfeitos a qualquer preço, algo do Real que não tem nome; desse desejo que visa a completude e que gera demanda, que pode ser satisfeita, mas que nunca satisfaz o desejo; a demanda não satisfeita pode gerar angústia, que por sua vez pode gerar sintoma.

É por meio da linguagem, que se dá o acesso ao inconsciente do sujeito e deste com o outro. É pela linguagem, que não dá conta de traduzir tudo o que é da ordem do Real, que possibilita acessar o inconsciente que é uma cadeia de significantes, que gera o discurso do sujeito, daí a importância do papel do analista para conduzir o tratamento, no sentido de possibilitar ao analisando falar sobre aquilo que lhe causa sofrimento. É nesse processo que operam a transferência e a contratransferência, da mesma forma que aparece um outro elemento que chamamos de resistência.

Dentre os pontos tratados no Seminário destacamos a atenção que o autor dá para o que ele chama “o desejo do analista”. Este não pode ser confundido com o desejo da pessoa do analista, não é uma formação do inconsciente, não sendo, portanto, a formação de um sintoma; é o lugar recoberto pelo véu de um falo imaginário, opaco e enigmático, nos dizeres de Nasio.

Trata-se de um operador clinico, não podendo ser confundido com um protocolo; não é normatizado, mas opera-se com princípios éticos, a partir dos quais o analista deve atuar.

Não é o desejo do Outro, nem o desejo da pessoa; é um operador clínico, um lugar de não desejo, lugar onde o analista se exime do próprio desejo, para escutar o desejo do analisando.

O desejo do analista é que a análise se dê sob a condição de operar na direção do tratamento, a partir da presentificação da ausência do objeto do desejo (a falta), logo, a análise opera no sentido de presentificar a falta.

Ao analista cabe orientar o tratamento para que o analisando possa produzir algo (O AMOR), a partir da sua falta, isto é, sair da passividade, para a atividade; sair da condição de amado para a de amante; ao analista cabe tirar o paciente do vício narcísico de querer ser amado incondicionalmente, sem que seja implicado em trabalho, sem se responsabilizar. A transferência faz surgir a pulsão, o desejo do analista faz falar; a transferência é uma pulsão, uma pulsão fálica, o analisando pensa que o analista é o sujeito suposto saber, aquele que detém o saber inconsciente do analisando.

Se ao analisando cabe a regra de ouro, qual seja, a livre associação, ao analista cabe a livre interpretação; a ele não cabe escolher o material que vai interpretar. Nos dizeres de Nasio (p. 109):

“O analista não deve ter um plano preconcebido para a sua ação; deve ficar aberto ao inesperado, deve estar pronto para deixar-se surpreender, para surpreender-se.”

Outra regra de ouro; a prática da análise, implica levar o paciente até onde o analista puder, para não afetar sua integridade mental e física. O que está em jogo na análise não é o ser do analista, é o lugar no qual é preciso que ele se instale. Se ele se instala ali, escuta, percebe e causa o tratamento.

Uma ótima conclusão sobre o papel do analista está à pág. 139, que citamos:

“De fato, o analista escuta, vê, alucina e interpreta. Temos, pois, um lugar comum produzido pelo dito do analisando e pelo fazer silêncio-em-si do analista. A interpretação é então um retorno do analista ao seu próprio lugar. É algo profundamente único. Esse estado de ‘fazer silêncio-em-si’ está mais próximo da psicose do que de toda referência de narcisismo secundário. Estamos mais próximos do autoerotismo do que do narcisismo secundário.”

Por fim, o seminário encerra falando sobre o processo de cura, este como objetivo primeiro daquele que procura o analista, sendo que a Psicanálise foi concebida como processo terapêutico e nunca deixou de sê-lo, e essa demanda de cura se transforma em transferência, mais exatamente em neurose de transferência, o que torna o desejo de cura uma ambivalência , ou seja, na medida em que o desejo de não se curar é um obstáculo muito forte, a única forma de contornar esse obstáculo é pela via indireta, isto é, pela criação de uma nova neurose, a neurose de transferência, destinada a responder em primeira instância, ao desejo de doença do analisando, a fim de chegar num segundo momento, a libertá-lo desse desejo.

Ao analista não compete eliminar os sintomas, mas tornar o sofrimento mais tolerável ao paciente, uma reorganização do Eu, a produção de um ser psíquico novo. Não há se falar em cura em psicanálise, esta não é um objetivo do analista, mas um efeito secundário da análise que o analista pode esperar.

Em suma, esse seminário faz uma abordagem ampla sobre orientações para o trabalho de um analista. Traz orientações ao analista iniciante, demonstra a importância das teorias de Freud e de Lacan para uma compreensão da psicanálise na clínica do século XXI, numa linguagem direta e humanizada, que contribui e muito para o entendimento desse campo do saber que explora este grande enigma, o inconsciente.

Portanto, considerando o objetivo da LAPP, que é promover grupos de estudos voltados para a prática da clínica pelo profissional que se utiliza da abordagem psicanalítica, decidimos promover o debate sobre essa obra tão significativa e que aproxima os interessados na prática clínica, dos conceitos da técnica psicanalítica voltados ao trabalho do Psicanalista, pois o objetivo desta oficina é promover formação continuada e a troca de experiência entre os estudantes e demais interessados no conhecimento psicanalítico.

Assim sendo, apresentamos o plano de estudo dos temas a serem debatido nesta nova oficina.

01. A TÉCNICA ANALÍTICA- Pag. 07/29.

02. O CARÁTER DE ANALISABILIDADE - Pág. 30/55.

03. A NATUREZA DA TRANSFERÊNCIA - Pág. 56/76.

04 – A SEQUÊNCIA DOLOROSA DA TRANSFERÊNCIA - Pág. 77/98.

05 – A CONTRATRANSFERÊNCIA - Pág. 99/119.

06. A CONTRATRANSFERÊNCIA E O LUGAR DO ANALISTA - Pág. 120/139.

07. A INTERPRETAÇÃO - Pág. 140/158.

08. A CURA - Pág. 159/169.

METODOLOGIA

A oficina será realizada pelos organizadores da Oficina, sendo que a leitura será feita de acordo com o tema indicado, também cabe os organizadores a função de facilitar, e fomentar o debate entre os participantes.

Serão 08 encontros, quinzenais, aos sábados, com duração de duas horas, das 14 às 16 horas, iniciando em agosto/2023, com término em novembro/2023, e;

O objetivo dos encontros quinzenais é permitir a leitura prévia do tema indicado em tempo hábil, sendo que os organizadores sempre providenciarão a disponibilização dos textos, quando possível, via digital, para os participantes, devendo os participantes fazerem as leituras prévias, como modo de maior participação nos encontros, em especial para aprofundar a discussão dos textos, promovendo assim, uma melhor dinâmica da oficina, uma vez que o objetivo da formação em Psicanálise é a troca de experiências, de conhecimentos e construção de novos saberes.

ORÇAMENTO

O projeto não dispõe de custos para realização da oficina.

ESTRUTURA FÍSICA

Os encontros serão ministrados pelo sistema online, tendo em vista a maior facilidade de participação dos participantes alunos da UNINOVE, em especial de outros interessados de fora da Universidade, sendo que essa modalidade foi muito eficaz em razão da excepcionalidade da pandemia.

A monitoria será feita conjuntamente pela Psicóloga FABIANA LOURO e pelo acadêmico ADILSON MARTINS DOS ANJOS, ambos membros da LAPP, com a supervisão do Professor e padrinho da LAPP, ANDERSON SCHIRMER.

PLANO DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO PROJETO

Os alunos receberam certificado se cumprirem até 75% de presença, de acordo com a frequência do mesmo, além de assumirem o compromisso de ler e debater os textos indicados, juntamente com os monitores da Oficina, pois essa dinâmica não só contribui para o aprofundamento dos conceitos, como também permite a construção de novos saberes, dentro do processo de formação permanente da Psicanálise.

Os organizadores que são membros da Liga Acadêmica de Psicanálise e Psicopatologia (LAPP) serão responsáveis pela lista de presença a ser passada para a Coordenação, após o término da oficina.

CRONOGRAMA DA OFICINA: “LIÇÕES SOBRE 8 CONCEITOS CRUCIAIS DA PSICANÁLISE SEGUNDO JUAN DAVID NASIO”.

A seguir, o cronograma dos temas a serem estudados na oficina

SÁBADOS - DAS 14:00 ÀS 16:00

01) 05.08.2023

A TÉCNICA ANALÍTICA- Pag. 07/29.

02) 19.08.2023 -

O CARÁTER DE ANALISABILIDADE - Pág. 30/55.

03) 26.08.2023

A NATUREZA DA TRANSFERÊNCIA - Pág. 56/76.

04) 16.09.2023

A SEQUÊNCIA DOLOROSA DA TRANSFERÊNCIA - Pág. 77/98.

05) 30.09.2023

A CONTRATRANSFERÊNCIA - Pág. 99/119.

06) 28.10.2022

A CONTRATRANSFERÊNCIA E O LUGAR DO ANALISTA - Pág. 120/139.

07) 04.11.2023

A INTERPRETAÇÃO - Pág. 140/158.

08) 25.11.2023

A CURA - Pág. 159/169.

REFERÊNCIA


NASIO, Juan David – Como trabalha um psicanalista? / Juan David Nasio: tradução: Vera Ribeiro. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

 
 
 

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