Comunicação em massa nas eleições
- LAPP

- 29 de set. de 2022
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Comunicação em massa nas eleições
Por Amanda Bressanin
Desde 2018, as eleições estão sendo marcadas pelo uso maciço das redes sociais por candidatos e eleitores. Com tablets, ipads e os smartphones, pequenos, rápidos e sempre à mão, os grupos de Whatsapp e demais redes sociais, bem como listas de transmissão pagas, foram as ferramentas mais utilizadas por candidatos, atingindo milhões de pessoas.
De acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C) realizada no início de 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o celular estava sendo usado por cerca de 79,1% das pessoas, sendo que a função mais importante da internet para estas, era trocar mensagens (de texto, voz ou imagens) por aplicativos de bate-papo.
O uso de redes sociais, principalmente o Whatsapp, e a portabilidade dos aparelhos telefônicos abriu espaço para o que Le Bon, citado por Freud (1921) - chamou de “mente grupal”, resultante da formação de um “Grupo psicológico”.
Sejam quem for os indivíduos que compõem estes grupos, por semelhanças ou diferenças em seus modos de vida, suas ocupações, ou instruções, o fato de formarem um grupo coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que pode fazê-los sentir, pensar e agir de maneiras muito diferentes ou serem influenciados.
Neste caso, pode ocorrer a modificação por meio da sugestão e divulgação de sentimentos e ideias em uma mesma direção, transformando-os em atos. Ou seja, o indivíduo não é mais ele mesmo, não é mais dirigido exclusivamente pela sua vontade ou ideais, mesmo porque, com a rapidez com que as informações atuais chegam, é necessário filtrá-las, o que nem sempre ocorre.
No entanto, Freud rejeita a hipótese fácil de que há um instinto social ou de rebanho, porque, para ele, isso denota o problema e não a sua solução. Acredita que o vínculo que integra os indivíduos na massa é de natureza libidinal, pois cria um senso de identificação e, ao entregarem-se tão irrestritamente às suas paixões, se fundiriam no grupo e perderiam o senso dos limites. Outras situações que demonstram como estes grupos se constituem também podem ser representadas, por exemplo, como grupos de torcidas de futebol, os famosos “grupos da família”, grupos de estudo, grupos de religião, entre outros.
A tecnologia chegou às urnas, mas os Tribunais se esqueceram de que ela também chegou na vida cotidiana das pessoas e, das últimas eleições para os dias atuais, a propaganda eleitoral em redes sociais começou a ser “regulada”. Surgiram temas como “fake news”, “discursos de ódio”, entre outros e posts, canais, perfis começaram ser excluídos, suspensos temporariamente, indicando que os efeitos crônicos desse novo tipo de propaganda tecnológica, que multiplica os efeitos psicológicos da “mente grupal”, estão sendo vistos com outros olhos. Talvez uma das razões para esse surpreendente fenômeno da tecnologia ser utilizada nas eleições nas massas, é que não sejam massas previamente organizadas e atingem rapidamente um número muito maior de pessoas com um custo muito baixo.
Referência:
Freud, Sigmund. Psicologia de Grupo e a Análise do Ego. in Obras completas de Sigmund Freud (23 v.), V.18. RJ, Imago, 1996.
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27515-pnad-continua-tic-2018-internet-chega-a-79-1-dos-domicilios-do-pais





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