Como pensar na identidade masculina? XY ou o dualismo sexual?
- Najla Gergi Krouchane
- 15 de jun. de 2020
- 5 min de leitura

A principal característica da evolução humana relacionada a biologia e a diferenciação cromossômica do gênero masculino (XY) e feminino (XX), como ponto de partida podemos considerar biologicamente um ser humano com o par de cromossomos 23 XY é do gênero masculino. Mas até a biologia é contraditória quando pensamos que existem pessoas que podem ter anomalias cromossômicas, então biologicamente não existem os 23 pares de cromossomos somente com a diferenciação X e Y.
A biologia a princípio sendo o papel definidor do gênero masculino ou feminino, e desencadeia os demais sentidos para definir um homem biologicamente, que seriam: o sexo genético relacionado ao par de cromossomos XY; o sexo gonádico, marcado pela diferenciação do testículo e ovário; o sexo corporal que é relacionado a diferenciação dos órgãos interno, os órgãos genitais e aos caracteres sexuais secundários; e o sexo declarado na certidão de nascimento. Esse conjunto de fatores e acontecimentos dita biologicamente que o homem é um homem, ou que uma mulher é uma mulher.
Todo trajeto de dizer que um homem é um homem pelo fator Y, que é o fator de diferenciação, enquanto masculino XY, e mulher com o par de XX, podemos dizer que todos os seres humanos contêm o X, então o que diferenciação é o segundo gene Y do homem, que irá modificar toda estrutura anatômica do corpo. Esse Y além de biologicamente influir na sexualidade do homem, existe uma influência psíquica e moral, por o Y ser o que vai ao contraponto, ao oposto do feminino, e essas características físicas iram com o tempo e com a filogenética determinar como devem ser os traços de caráter masculinos e feminino, porém não significa que serão corretos, até porque os arquétipos mudam conforme muda a cultura, mas o principal e que trataremos mais adiante é que o que não muda e é único é o desejo da pessoa e como realmente ela se vê.
A questão pariental terá influência na sexualidade futura do homem, podemos pensar que a biologia para muitos é considerada um fator primordial para se dizer quem é do sexo masculino e quem é do sexo feminino. Quando um casal resolver ter filhos existem sempre a expectativa as do pais de qual sexo será o bebê, no entanto simbolicamente já existe uma marca inicial dos pais que já esperam um gênero especifico. E existe atualmente uma necessidade de se saber o sexo antes do nascimento para que se possa preparar a chegada da criança, em que saber o sexo se define como um fator primordial nos dias de hoje, e essa descoberta logo ao nascimento se dá pela diferenciação biológica, mas já com um conteúdo psíquico dos pais atuando sobre a vida psíquica da criança pelo desejo de um gênero especifico. Esse desejo dos pais, de ambos, ou somente de um deles, podem ser glorificados com a certeza de um gene XX ou XY.

O pais criam no seu imaginário não somente qual sexo querem que seu filho tenha, mas também a idealização de como ela será em traços de caráter. O imaginário dos pais irá influir na questão da identidade sexual da criança, além de algo biológico, cromossômico, genético, ou atestado numa certidão de nascimento, os imaginários desses pais auxiliaram na construção do ser das crianças nos seus traços de caráter e na sua escolha objetal de amor que são análogos ao biológico. É claro que sem corpo não existe psiquismo, porém não será o biológico que irá ditar a sexualidade de um homem, e sim a sua constituição psíquica, quando nos referimos aos neuróticos.
Entretanto toda expectativa, desejos e idealizações dos pais e da família das crianças, até a constituição de seu aparelho psíquico iram influenciar a pessoas nos seus traços de caráter e na sua escolha de amor, mas também que independe de ser fisicamente homem ou mulher.
Podemos afirmar que um homem se autoriza a ser homem, como a mulher se autoriza a ser mulher, ou mais além um homem se autoriza ser mulher e vice-versa, porque o que está dito internamente é o que realmente levará em conta no bem-estar psíquico dessa pessoa. Ë muito frigido dizer que um homem é um homem porque a biologia disse, temos que pensar no seu psiquismo e no seu desejo. Se resumirmos a biologia como único fator de ditar a sexualidade estaríamos nos igualando aos animais, por isso temos que considerar que o ser humano é um ser diferente dos animai, porque ele possui linguagem, e a linguagem que proporcionou o ser humano ter um aparelho psíquico, os animais são instintivos, o ser humano é pulsionado, ou seja, os instintos que os humanos nascem são modificados, por isso não são mais instintos e sim pulsões (Freud, 1915). E a pulsão levará o ser humano a seu traço de caráter e sua escolha amorosa um diferente do outro, porque cada uma tem uma constituição psíquica em que se obteve uma cultura e novela familiar diferentes (Freud, 1905).
Com relação ao homem o que impera culturalmente é uma herança filogenética do homem, em que se o homem “fugir” desse padrão ele não é considerado homem na sociedade, um exemplo clássico, homossexuais ou travestis culturalmente não são considerados homens, na verdade é uma pergunta que somente eles poderão responder.
E com relação a masculinidade se obriga culturalmente responsabilidades diferentes da mulher, principalmente de ser o provedor e protetor, e se uma mulher tiver essas atribuições ela é considerada masculinizada.
Existem inúmeros fatores que influenciam na marca da masculinidade, uma delas seria a forca física que o homem contém biologicamente, que lhe obriga profissões e afazeres que são inadequados as mulheres, e quando há um homem que foge de profissões “masculinas” socialmente ele não é considerado um homem.
Uma outra questão relacionada são as funções psíquicas ativo e passivo, categoricamente são destinados o ativo a função paterna e o passivo a posição materna, se tratam de representações psíquicas, uma mulher pode fazer a função paterna e um homem pode fazer a posição materna, porque está além do biológico, é psíquico. Todos nós temos os dois lados ativos e passivos, não somos ativos o tempo todo e nem somos passivos todo o tempo, um predominará, mas os dois elementos estão presentes na nossa constituição (Freud, 1905).
O que faz culturalmente nos dias de hoje, a imago de homem, é o que foi herdado filogeneticamente desde a idade primitiva, e ainda muito do homem primitivo quem se impor ao homem atual (Freud, 1912-1914). O que na verdade está relacionado a crítica de parte da sociedade machista, advém do seu propor Eu, um coletivo de “Eus”, acredita que o homem tem de ser de uma determinada forma, não olhando para cada homem, sendo cada homem de sua forma diferente de somente dize-lo que ele tem que ser de uma especifica forma somente pelo XY.
Referência Bibliográfica
BADINTER, E. XY: sobre a identidade masculina. Rio de Janeiro, nova Fronteira, 1993.
FREUD, S. Obras completas volume:11: totem e tabu, contribuição a história do movimento psicanalítico e outros textos (1912-1914), tradução Paulo César de Souza – 1ª ed. - São Paulo – Companhia das Letras, 2012
FREUD, S. Obras completas volume:12: Os Instintos e seus destinos (1915), tradução Paulo César de Souza – 1ª ed. - -São Paulo – Companhia das Letras, 2010.
FREUD, S. Obras completas volume:6: Três ensaios sobre a sexualidade (1905), tradução Paulo César de Souza – 1ª ed - São Paulo – Companhia das Letras, 2016.
Najla Gergi Krouchane. Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista; graduada em pedagogia pela UNIESP; pós-graduada em psicopedagogia pela Universidade Estácio de Sá. Cursando formação em psicanalise. Atualmente faz parte do Grupo de estudo sobre masculinidades da Liga Acadêmica de Psicanálise e Psicopatologia da Universidade nove de Julho.





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